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A tela Máxima Velocidade da Madona de Rafael, 1954 |
Mergulhe
em um universo onírico, simbólico e cheio de fantasias. Onde? Vem aí uma super
mostra do grande mestre do surrealismo, que promete fazer sucesso na temporada
de artes plásticas de São Paulo. O Instituto Tomie Ohtake traz para a sua sede,
em outubro, a maior retrospectiva do pintor Salvador Dalí (1904-1989) já
realizada no país. Além dos trabalhos já expostos no Rio, a exposição paulista
terá cinco novas obras que vieram da Fundação Gala-Salvador Dalí e mais duas do
Museu Reina Sofia, que detêm 90% dos trabalhos expostos.
O público poderá ver o valioso e
pequeno óleo sobre madeira, batizado de O
espectro do sex-appeal (1934). Ele tem o tamanho de meia folha de papel,
atribui-se à pequena pintura a forma como Dalí plasmou, de modo concreto, o
temor pela sexualidade. Há ainda Desnudo
(1924), que pertenceu a Federico García Lorca, Homem com a cabeça cheia de
nuvens (1936), com referência explícita a René Magritte e O piano surrealista (1937), fruto de sua
colaboração com os Irmãos Marx.
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O mestre do surrealismo Salvador Dalí, Paris Associated Press |
A retrospectiva de Dalí, com curadoria
de Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos da Fundação
Gala-Dalí, vem com 24 pinturas, 135 trabalhos, entre desenhos e
gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes. O espectador terá
contato com a produção de Dalí desde os anos 1920 até seus últimos trabalhos. O
conjunto da obra traz uma clara percepção da evolução do trabalho de Dalí, não
só técnica, mas também de suas influências, recursos temáticos,
referências ideológicas e muitos simbolismos.
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Figuras deitadas na areia, 1926 |
Poderão ser vistas, por exemplo as telas
do período de sua formação como pintor – como Retrato de meu pai e Casa de
Es Llaner, de 1920; Retrato de minha
irmã, de 1925, e Autorretrato cubista,
de 1926. Essas pinturas, além de marcarem o início da pesquisa de Dalí, também,
revelam a instigante produção de retratos, que, em suas diferentes
interpretações e abordagens, acompanham a metamorfose de um trabalho marcado
pelo questionamento sobre a realidade.
A fase surrealista, que deu fama
mundial ao artista catalão, será
retratada em telas que apresentam seu método
paranóico-crítico de representação, com obras muito significativas, como O Sentimento de Velocidade (1931), Monumento imperial à mulher-menina (1929), Figura e drapeado em uma paisagem (1935)
e Paisagem pagã média (1937).
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O mundo de Dalí: composição surrealista, com figuras oníricas |
DALÍ NO CINEMA
Mas, tem também cinema. Os filmes O
cão andaluz (1929) e A idade do ouro (1930),
codirigidos por Salvador Dalí e Luís Buñel, e Quando fala o coração (1945),
de Alfred Hitchcock, cujas cenas do sonho foram desenhadas pelo artista serão
exibidos. Além disso, duas mostras acontecem em paralelo à exposição: a
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, que exibirá os
filmes O cão andaluz (1929) e A idade do ouro (1930),
em suas versões integrais. O Museu da Imagem e do Som (MIS) organizará a mostra Surrealismo
no Cinema, entre os dias 16 e 21 de dezembro.
SURREALISMO NA LITERATURA
O acervo traz ainda documentos e livros
da biblioteca particular de Dalí, que dialogam com as pinturas. É o caso dos títulos Imaculada
Conceição (1930), de André Breton e Paul Eluard, e Onan (1934), de Georges Hugnet. E
mais: há ilustrações
feitas para os clássicos da literatura mundial, como Dom Quixote de La
Mancha, de Miguel de Cervantes, e Alice no País das Maravilhas,
de Lewis Carrol. Merecem ainda destaque os desenhos que ilustram o livro Cantos
de Maldoror (1869), de Isidore Lucien Ducasse (mais conhecido como
Conde de Lautréamont), autor de grande referência entre os jovens surrealistas.
É possível reconhecer nesses desenhos, por exemplo, as muitas figuras
recorrentes na obra de Dalí, como objetos cortantes, muletas, corpos mutilados
etc. Eliane Robert Moraes, em texto que acompanha o catálogo da exposição, diz
que, movidos por uma crescente revolta pós-guerra, esses artistas “viram na violência
poética de Ducasse uma alternativa para seus dilemas estéticos e existenciais”.
E acrescenta: “Queremos
mostrar o Dalí surrealista, mas também aquele que se antecipa ao seu tempo, que
é audacioso, que defende a liberdade de imaginação do artista em sua própria
criação.
Para trazer o acervo ao Brasil, o
Instituto Tomie Ohtake participou de uma longa negociação com os museus
envolvidos. “Foram cinco anos de muitas tentativas e conversas
com os detentores das grandes coleções de Dalí, para se concretizar as
exposições do artista no Brasil, pela primeira vez com pinturas, e com maior
concentração na fase surrealista”, diz Ricardo Ohtake, presidente
da instituição.
Nã dá para perder! E ainda por cima a
entrada é franca!
Instituto Tomie Ohtake
Exposição: Salvador Dalí
De 19 de outubro a 11 de janeiro
de 2015
de terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca