fotos Simone Galib
Para nosso deleite, Istambul
fervilha – sempre há um novo restaurante, um passeio, um café, alguém para
trocar ideias ou algum lugar que vale ser visto. As ruas são rotineiramente
lotadas – de gente e carros. Os turcos adoram e preservam as áreas verdes da cidade, quer sejam os parques, calçadões à beira-mar ou simples canteiros. Aliás, eles adoram fazer piqueniques e até mesmo churrascos ao ar livre.
O comércio não fecha nem aos domingos e os ferryboats
cruzam o Bósforo ininterruptamente. Neste início de primavera, as flores,
especialmente rosas e tulipas, começam a desabrochar nos bem cuidados canteiros
e jardins espalhados por toda a cidade. E… mais um detalhe: o mar nesta
época do ano, quando o cinza do inverno dá espaço para um céu límpido, fica ainda mais azul-turquesa!

Ali não há praias. Mas a orla é uma espécie de moldura, um
convite, um sussurro. Pode-se simplesmente ficar
mergulhada no silêncio, nessa paisagem milenar, entre o mar e as muralhas do tempo, descobrindo (ou redescobrindo)
que em cada canto sempre haverá uma história e um novo capítulo a
ser escrito.
A seguir, vou mostrar um pouco do que vivi e senti. Compartilho os melhores ângulos desse lugar, realmente, mágico! Siga-me…
CARTÃO-POSTAL
Um dos símbolos da cidade, a Mesquita Azul, construída entre
1600 e 1616, é a única da Turquia com seis minaretes, e tem esse nome em razão
da predominância dos tons de azul e verde em suas paredes e cúpulas. Para
visitá-la, é preciso tirar os sapatos (há saquinhos especiais para acomodá-los
na porta) e, as mulheres, devem cobrir a cabeça com lenços ou echarpes,
evitando roupas decotadas ou bermudas. É grandiosa. Atrás da mesquita, outro
grande legado: o Hipódromo, construído pelo imperador bizantino Constantino, o
Grande para as suas cerimônias. Nessa praça, hoje chamada Sultan Ahmet, se
alinham algumas das construções mais antigas da cidade, incluindo um autêntico
obelisco egípcio, dado de presente por um faraó. Escolha um dos vários bancos e
passe um tempinho por lá.
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| O Hipódromo, com um legítimo obelisco egípcio |
DIVINA SABEDORIAestiver de bermuda (Se não tiver, há dosição)

Hagia Sophia (ou Santa Sofia) foi
igreja por 916 anos, a catedral de Constantinopla, e hoje é apresentada como
museu, o terceiro mais visitado do país. Apesar da belíssima construção em estilo romano, nos
sentimos meio frustrados, e até mesmo tristes, quando ali entramos, porque os
vestígios do seu passado e do cristianismo, como seculares pinturas nas
cúpulas, foram literalmente apagados e substituídos por símbolos muçulmanos, como
enormes letras árabes nas paredes.
Nada contra a restauração, mas como um museu
pode apagar o passado? Além disso, várias salas estão fechadas à visitação. Só
que não dá para deixar de ir, mesmo porque do alto de seu terraço temos uma das
mais incríveis vistas da cidade. Na lateral de Sophia, há um delicioso parque,
o Otopark, com jeito de bosque e muitos canteiros floridos, ideal para longas
caminhadas e que nos leva à orla.
Respire fundo e suba por suas alamedas. Lá no alto, tem um café a céu
aberto, cercado de roseiras e ervas, com uma vista de perder o fôlego. Parada
obrigatória.
CAÇA AO TESOURO
Reserve uma tarde para conhecer o Palácio Topkapi, que foi
durante 400 anos o centro de administração do império otomano. Circundado por
muralhas , ocupa uma área de 700 mil metros quadrados (duas vezes a área do
Vaticano, em Roma), recebe mais de 2,5 milhões de visitantes por ano e é um dos
locais mais grandiosos do país . Você vai mergulhar em um passado luxuoso por
meio de suas inúmeras salas, repletas de poderosas joias, incluindo diamantes,
rubis e esmeraldas, cerâmicas, roupas de reis e rainhas, adagas com pedras
preciosas e porcelanas. Há ainda pátios internos e jardins belíssimos, como o
das Tulipas, sem falar no Harem, um lugar que era reservado para a família do
sultão, sua mãe e suas concubinas. Hoje, com um ingresso comprado à parte, é
possível visitar suas salas, banhos turcos e piscina. Sim , Topkapi é um
tesouro imperial!
PASSEIO SUBTERRÂNEO
Do lado oposto ao museu Hagia Sophia, vale percorrer os
labirintos subterrâneos de Yerebatan, construída em 532, a maior das 70
cisternas de Istambul durante o período bizantino, aliás, um recurso de
proteção contra os soldados inimigos que atacavam os aquedutos e envenenavam a
água. Ela foi totalmente restaurada no século 19. A cisterna é sustentada por
enormes colunas, duas delas com cabeças de Medusa. E há até um mini estúdio
fotográfico para que você pose como um verdadeiro sultão. Hoje, suas águas servem de moradia a
peixinhos coloridos. E diz a lenda que quem jogar uma moeda ali e fizer um
pedido terá seu desejo realizado. Não custa nada tentar!
CINCO ESTRELAS
Ícone da hotelaria de luxo local, o Four Seasons Bosphorus é
o sonho de hospedagem de qualquer turista. Mas, está aberto também aos não hóspedes
que podem desfrutar de uma das mais belas vistas da cidade. Instalado em um
palácio otomano do século 19, totalmente restaurado de frente para o Bósforo,
tem restaurantes, bares e cafés.
Fotografado de todos os ângulos por aqueles
que
fazem os passeios de barco pelo estreito, é considerado um dos mais tops do
país, seja pelo serviço super diferenciado, pelas instalações ou pela própria
localização, por si só um cartão-postal. Ficar sentado em uma de suas varandas
ou restaurantes, tomando chá e assistindo ao pôr do sol de Istambul sempre será
uma experiência única. O cenário traduz perfeitamente a magia da cidade.
Não deixe de ir a Eminönü, um local que margeia a saída dos
ferryboats, com espetaculares vistas da península em todas as direções. O mais
inusitado é experimentar os peixes fresquinhos, que são preparados em
iluminados barcos antigos. Atracados na margem, servem de cozinha para
abastecer as centenas de mesinhas na calçada, super disputadas por moradores e
turistas. Experimente o sanduíche de sardinha assada. Tem o sabor de Istambul!
Istambul também é uma ilha… de compras. Está cercada de
lojas por todos os lados e de todos os tipos. Mas, existem endereços especiais.
O primeiro deles é o Grand Bazaar
(dizem que foi o primeiro shopping do mundo, enorme e coberto), uma construção
histórica. São cerca de 4 mil lojas e 15 mil comerciantes nas 80 ruelas em seu
interior, que vendem joias, especiarias, roupas, tapetes, amuletos, chás,
lenços de seda, cerâmicas, azulejos, luminárias etc.
É tanta gente lá dentro e
tanta coisa que chegamos a ficar tontos. Precisa ir com tempo e marcar uma
referência ao chegar para não se perder tamanho o número de ruelas que se cruzam em seu interior. Não compre na primeira loja e faça sempre uma pesquisa de preços.
FESTA DOS SENTIDOS
Para os gourmets e não gourmets, o Mercado das Especiarias, ou Mercado Egípcio, é repleto de cores,
aromas, sabores, enfim um convite aos sentidos. A rua Istiklal, em Taksim, forrada de pedestres do começo ao fim, é um
mix de lojas mais populares, outras mais descoladas turcas e marcas
internacionais, como a MAC. E quem estiver na cidade entre 6 a 30 de junho,
pode aproveitar a mega liquidação dos shopping centers. Os preços são
convidativos.
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| Rua Istklal, que sai da praça Taksim, reúne lojas populares e de marcas internacionais |
CRUZANDO O BÓSFORO
Fazer um cruzeiro pelo Bósforo, seja de noite ou de dia, é
fundamental porque vemos Istambul de diversos ângulos, com paisagens únicas. De
um lado, a Europa; de outro a Ásia, com suas belas casas residenciais. Se
estiver com sorte, pode avistar golfinhos. Os pássaros também acompanham e
adoram a travessia porque ganham alimento dos turistas. Diversas agências
locais oferecem os passeios, mas eles saem bem mais em conta se você pegar por
conta própria um ferryboat. Os barcos zarpam de Eminönü (há estação de metrô
quase em frente) e os passeios duram em média uma hora. À noite, o cenário ganha um toque
mágico com a ponte, os palácios e outras construções milenares totalmente
iluminados. Eu passei o Réveillon de 2014 a bordo de um desses barcos e tive a virada do ano mais inusitada dos últimos tempos!
A SUPER PONTE
Considerada um símbolo da Istambul contemporânea, a ponte
Bogaziçi Köpüsü (ou ponte do Bósforo, como é chamada informalmente), foi
construída em 1973, tem 1.560 metros de extensão e 33 metros de largura. Ela
faz a ligação entre os dois continentes. Cerca de 200 mil carros e 600 mil
pessoas circulam ali diariamente.
O trânsito é pesado nas horas de pico. Uma boa opção é fazer a travessia logo no início da tarde porque, além de menos trânsito, temos tempo necessário para chegar ao mirante do lado asiático onde podemos observar os dois continentes, Ásia e Europa, com uma vista de 360 graus.
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| Mirante no lado asiático: uma das melhores vistas de Istambul |
COMER, BEBER…
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| Chá da tarde na varanda do Four Seasons |
Um dos melhores programas em Istambul é comer cada dia em um
lugar diferente e montar sua própria top list. Sim, porque o leque de opções é
enorme. Há vários restaurantes de cozinha internacional com vistas
espetaculares, como o Aqua, do hotel Four Season, pequenos bistrôs, outros
tantos com mesinhas nas calçadas e charmosos cafés, além de redes
internacionais de fast food, como MC Donald´s e Burguer King.
A maioria dos
restaurantes oferece a culinária típica, feita à base de frango, carne de
carneiro, massas, legumes assados, sopas e saladas. A comida é bastante
condimentada, apimentada, mas saborosa. O prato mais famoso é o kebab, cozido em uma
cerâmica e servido fumegante.
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| O salão de chá do Hafiz Mustafa, uma das casas mais tradicionais; abaixo, seus doces incríveis |
Para experimentar os deliciosos doces turcos,
muitos à base de mel, um dos meus endereços favoritos é o Hafiz
Mustafa, doceria fundada em 1864 e hoje com quatro casas na cidade. A do bairro de Sirkeci tem um salão de chá no andar superior, super
disputado e com vista para a estação de trem, que, aliás, também merece uma visita.
Já o Dervish Café e Restaurante, em Sultanahmet, próximo ao Arasta
Bazaar, tem os melhores ângulos da Mesquita Azul, afinal fica bem em frente a ela. Do pátio com mesinhas ao ar livre pode-se ver todo o vaivém da movimentada praça. Na baixa temporada, você pode ficar horas ali, conversando, observando o vaivém da praça ou simplesmente tomando um café turco, que ninguém incomoda. Serve também lanches e pratos típicos. Na
alta temporada (primavera/verão), tem música ao vivo com apresentação
de sufi, a dança circular dos islâmicos. E o cenário fica ainda mais mágico em noites de lua cheia ou crescente, porque ela desponta atrás dos minaretes da Mesquita Azul.
DIÁRIO DE BORDO
VOOS – A Turkish
Airlines tem voos diários e diretos, a partir de São Paulo. É a maneira mais
confortável de se chegar hoje a Istambul (cerca de 11 horas de viagem). As
demais companhias aéreas internacionais fazem conexão via Europa, o que aumenta
o tempo em trânsito. www.turkishairlines.com.br
MELHOR ÉPOCA –
Para quem gosta de frio europeu, o inverno em Istambul (de dezembro a março) é
muito bom. Primeiro, porque a cidade está mais vazia e os preços caem, tanto
nos hotéis quanto no comércio. Em fevereiro, além das baixas temperaturas, chove
muito. A primavera (de abril a maio) é ideal porque os dias são quentes,
ensolarados e as noites, frescas. Além disso, as flores tomam conta dos
cenários. No verão (julho a setembro), a temperatura pode atingir os 38º e tudo
fica mais caro e super lotado.
CIRCULANDO – O
metrô de superfície é uma das melhores maneiras de percorrer a cidade. No centro
histórico, as ruas são estreitas, de mão dupla e de trânsito complicado. Andar
a pé é a melhor pedida ali. Os city tours em ônibus de dois andares também são
recomendáveis porque, circulares, passam pelos principais pontos turísticos e
oferecem a possibilidade de o turista descer no local desejado e depois pegar o
próximo, sem custo adicional. Custam em média 40 euros por pessoa. A maioria
dos taxistas não fala inglês. Por isso, é recomendável sair sempre com o cartão
do hotel ou com o endereço do destino escrito em turco. Evite contratar
programas de passeios nos hotéis – eles podem custar até o triplo.
MOEDA – A moeda
local é a lira turca (muito equivalente ao real), mas a maioria dos hotéis e
agências de viagens estabelecem seus preços em euros. Há casas de câmbio que
funcionam ininterruptamente por toda a cidade. No comércio, use sempre a arte
da negociação, pechinche e pesquise antes de fazer as compras.