O Facebook proibiu os usuários da Austrália de acessar conteúdo de notícias. O site bloqueou inclusive sua própria página inicial no país.
A plataforma optou por impedir o conteúdo de notícias em resposta ao projeto de lei, que deve ser aprovado na Austrália nos próximos dias, que o forçará a pagar às organizações de notícias para hospedar suas histórias.
A decisão, tomada na quarta-feira (17), derrubou também páginas de serviços de saúde com informações sobre a pandemia, instituições de caridade, meteorologia e até a própria página da plataforma,
Além do mais, impediu o acesso de outros países, alguns que compartilham nomes com jornais australianos, ao conteúdo.
Os australianos, ao entrarem em suas próprias páginas, recebiam uma mensagem “nenhuma postagem ainda”.
A plataforma confirmou que foi uma resposta ao projeto de lei, que deve ser aprovado até o final de fevereiro. E disse não entender “a relação entre a plataforma e os editores que a usam para compartilhar conteúdo de notícias”.
“Isso nos deixou diante de uma escolha difícil: tentar cumprir uma lei que ignora a realidade desse relacionamento ou parar de permitir conteúdo de notícias em nossos serviços na Austrália. Com o coração pesado, estamos escolhendo o último ”, afirmou William Easton, diretor administrativo para a Austrália e Nova Zelândia da corporação, com sede na Califórnia.
Ele afirmou que a “troca de valor” entre sua empresa e os editores é favorável aos editores, alegando que o Facebook gerou 5,1 bilhões de “referências gratuitas” a eles. “O ganho do Facebook com as notícias é “mínimo”.
REAÇÃO MUNDIAL
A fúria pela medida extrema tomada na Austrália virou mundial: no Twitter, logo surgiram hasthags como Delete Facebook, Boycott Zuckerberg e Facebook We Need To Talk.
O parlamentar democrata David Cicilline, de Rhode Island, disse que “o Facebook não é compatível com a democracia, já que as pessoas também foram encorajadas a sair do Instagram e do WhatsApp, que pertencem à plataforma.
Stephen Scheeler, ex-CEO do Facebook Austrália, também aderiu ao boicote, acusando Mark Zuckerberg de “ser motivado por dinheiro, poder e não pelo bem”.
Para o parlamentar britânico Julian Knight, o Facebook demonstra estar usando a Austrália como “teste” para saber como as democracias reagiriam ao banimento de notícias. Ele pediu que legisladores de todo o mundo colocassem o gigante da tecnologia “no calcanhar”.
O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, disse que a medida prova que as Big Tech “pensam que são maiores do que os governos e que as regras não devem se aplicar a elas”.
“As ações do Facebook para afastar a Austrália hoje, cortando serviços de informação essenciais sobre saúde e serviços de emergência, foram tão arrogantes quanto decepcionantes”, afirmou.
E acrescentou:
“Elas podem estar mudando o mundo, mas isso não significa que o comandem. Não seremos intimidados pelas Big Tech tentando pressionar nosso Parlamento.”