Crise? Não no mercado de luxo. Ele está forte, o
consumidor não perdeu poder aquisitivo e tem disponibilidade para gastar. Há vagas
e muitas oportunidades. Mas, estamos nos referindo ao Brasil? Sim, é aqui mesmo
e quem diz isso é Claudio Diniz, palestrante e especialista no assunto, que
está lançando o livro O Mercado do Luxo no Brasil.
terça-feira (dia 19) durante concorrida palestra na Câmara de Comércio França-Brasil,
em São Paulo, onde ele conversou com a gente por mais de duas horas, traçando
um retrato detalhado sobre o mercado premium no Brasil e no mundo. Ele tem mais 13 anos de experiência no setor. Ele falou para uma plateia eclética, com formadores de opinião, empresários, jornalistas e arquitetos.
Marcelo Moreyra, Carelli, UlyssesLove e o modelo e ator Pedro Pinotti Foto Verônica Partinski |
Segundo Diniz, o mercado de luxo se estabelece a longo prazo e no Brasil terá uma expansão significativa nos próximos 15 anos. No Nordeste, esse crescimento já é de 35%. E diz mais: “33 milionários surgem por dia no país”, de acordo com dados do Credit Suisse.
Simone Galib e Claudio Diniz, que autografou o livro Foto Verônica Partinski |
O especialista tem uma linha mestra de raciocínio:
antes de pensar em crise, crie; pense em se reinventar, porque o mundo mudou
muito nos últimos 10 anos e o mercado de luxo precisou acompanhar esse fluxo.
Ele citou como exemplo a marca Louis Vuitton, que está se repaginando e busca
novos conceitos de comunicação com o consumidor.
hoje é cafona, porque ele identifica o meu status social. E a marca de luxo tem
que ser um presente para minha alma, é muito mais profundo”. A ostentação
(aliás, um comportamento bem típico dos brasileiros) não é mais tendência, diz
ele, acrescentando que as pessoas buscam experiências, como viagens
existenciais, e se questionam mais. O novo consumidor quer sorriso, quer ser bem tratado e chamado pelo nome.
tanto, mas hoje temos uma sociedade de decepção. Quanto mais eu
olho para o futuro, mais quero voltar para a casa da minha avó”, diz.
pessoas não estão felizes e precisam de âncoras, como amigos e família. Elas não
querem comprar tanto porque não precisam; querem fazer compras na Dolce&Gabanna
e na rua 25 de Março também.
especialista, outros fatores influenciaram essa mudança nos valores do
consumidor: a crise econômica mundial de 2008 e a nova postura da Igreja, com a escolha do Papa Francisco, que derrubou a ostentação no
Vaticano.
Esse comportamento também foi reforçado por pessoas influentes, como membros da realeza. Kate Middleton, por exemplo, continuou comprando roupas em lojas de departamento, mesmo depois do casamento com o príncipe William, da Inglaterra. E ela faz sucesso nos salões usando um colar da Zara que custou 30 euros.
A rainha Elizabeth, que vai completar 90 anos, também está se reinventando. Ela tem páginas nas mídias sociais e até conversou com o neto, o príncipe Harry, pelo skype recentemente. Aliás, toda a família real britânica usa muito as ferramentas dessas mídias, postando diariamente fotos.
A rainha Rania, da Jordânia, aparece ao lado do marido, o rei Abdullah, fazendo um churrasco, como um simples casal em uma tarde de domingo.
“O glamour e a elegância não estão na marca, mas sim em quem a usa”, afirma Claudio Diniz. Não adianta só dinheiro. Precisa ter educação, cultura e networking, completa.
No final da palestra, ele revelou os seus próprios conceitos sobre esse mercado: