Desde 1º de janeiro, São Paulo vive uma nova fase: o prefeito João Doria colocou, de imediato, o bloco na rua, puxando pessoalmente o cordão de secretários e colaboradores. E começou a limpar a cidade, que está maltratada, suja, deteriorada e com pixações em praticamente todos os bairros, edifícios, comércio e até em cartões-postais, como a ponte Estaiada, que foi revitalizada com a ajuda da iniciativa privada e até de alpinistas.
A operação, batizada de Cidade Linda, ganhou o apoio dos paulistanos e do restante do país, mas também causou forte reação naquela turma do contra e do “quanto pior, melhor” que, em nome da ideologia política, atropela a cidadania.
Jogaram lixo em locais que haviam sido limpos e pixaram até a parede da própria prefeitura para provocar Doria e irritar seus eleitores. O caso foi uma das (muitas) polêmicas da semana e resultou em prisões.
Quem está acostumado a viajar, sabe diferenciar grafite, de arte de rua e… de vandalismo. Sabe também que os centros das grandes cidades ao redor do mundo são regiões muito frequentadas pelos próprios moradores e que atraem turistas em busca de história e essência.
Não precisamos ir muito longe. As principais capitais sul-americanas, por exemplo, sentem orgulho em exibir seus teatros, praças arborizadas, canteiros de flores bem cuidados, fontes e monumentos limpos.
Mesmo atravessando crises econômicas, há uma outra consciência ambiental, social e política. Claro que essas cidades são infinitamente menores do que São Paulo, mas o que prevalece nelas é o conceito de preservação do patrimônio público. Algo que aqui é visto por alguns setores como “guerra do spray” ou jogada de marketing da prefeitura.
Para entender melhor, vamos dar um passeio rápido por nossos vizinhos sul-americanos?
SANTIAGO
Localizada no vale central do Chile, à beira da Cordilheira dos Andes, a capital é bonita, moderna, e considerada o maior e mais desenvolvido centro financeiro e cultural do país. Mesmo sendo uma cidade grande – tem cerca de 6,5 milhões de habitantes – é limpa, arborizada e muito organizada. Ali, tudo funciona.
LIMA
A capital peruana tem um rico patrimônio histórico e arqueológico super preservado. Exibe também outra peculiaridade: praticamente não chove e o céu fica constantemente nublado por conta de sua proximidade com o deserto de Atacama. Tanto que as casas usam calhas. Sol mesmo só durante o verão.
Mesmo assim, suas ruas são repletas de canteiros floridos, constantemente irrigados, há muito verde nos bairros residenciais, as ruas são limpas e bem cuidadas.
BUENOS AIRES
Uma das mais charmosas cidades sul-americanas, a capital da Argentina tem personalidade própria, arquitetura com inspiração europeia, bairros nobres, cenários distintos e parques extremamente bem cuidados. Na região central, onde estão alguns dos seus principais monumentos históricos, a sede do Congresso Nacional e a Casa Rosada (do governo), entre outros, tudo é muito organizado e limpo. Prevalece o caliente espírito latino, porém acompanhado de boa educação.
MONTEVIDÉU
Às margens do rio da Prata, a capital uruguaia é a maior cidade do país, com cerca de 1,7 milhão de habitantes. Tem uma orla super agradável, bonita e bem cuidada. No centro estão alguns de seus principais monumentos históricos. Sabe receber bem os turistas e por ali não vemos lixo nas ruas, nem paredes rabiscadas.
Assim, por que São Paulo, a maior metrópole da América Latina e o mais movimentado centro de negócios do país, não merece ser bem cuidada e preservada? O pior é saber que são seus próprios habitantes os responsáveis por entupir ruas, córregos e bueiros de lixo, sem citar outros vandalismos.
Até mesmo o Monumento das Bandeiras, de Brecheret, um dos cartões-postais da cidade, foi atacado em 2016, causando revolta nos paulistanos. Não basta termos um prefeito eficiente e bom gestor. Precisamos colaborar com ele! Ideologia política é uma coisa. Já cidadania, é outra bem diferente. E a eficiência, assusta!
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